Todas as Cores - Mano Alencar


``Somos todos iguais nessa noite/ na frieza de um riso pintado/ na certeza de um sonho acabado/ É o circo de novo/ Nós vivemos debaixo dos sonhos/ entre espadas e rodas de fogo/ entre luzes e a dança das cores/ Onde estão os atores?``. Quem tenta responder a pergunta lançada por Ivan Lins, na canção Somos todos iguais nessa noite, é o artista plástico Mano Alencar na sua nova exposição Entre Luzes e a Dança das Cores, que tem sua abertura hoje, às 19h30 no Centro Cultural Oboé. As obras ficam expostas no espaço até o dia 4 de dezembro.

A arte de Mano Alencar não é a arte egoísta de uma alma egocêntrica. O cearense de Juazeiro do Norte expressa sentimentos contemporâneos em cores, movimento e vida, sempre à procura de ressonância em cada um dos espectadores & atores de suas encenações em acrílica sobre tela e sobre papel. ``Eu fui enveredando cada vez mais para a abstração radical, pois era o único jeito de expressar todo o sentimento: esse amor que sobrevive mesmo que fragmentado. E cada vez mais meu trabalho mostra esse tormento do homem contemporâneo, essas reflexões que cada um de nós leva para a cama antes de dormir``, disse Mano, por telefone.

A noite de hoje do Centro Cultural Oboé vai ainda contar com a presença do ``irmão e parceiro`` de Mano, o cantor e compositor Edmar Gonçalves, que mais uma vez acompanha o amigo na sua mistura de poesia, música e arte. De acordo com o artista plástico, a sua arte abstrata vem em grande parte dessa confluência da própria música e poesia em tela, como em uma das obras expostas, Tirando a casca da maçã e a roupa do pecado, um punhal é apontado para os olhos de quem faz amor, que vem de um poema já editado por Mano.

``O estresse moderno, a multidão solitária, o sentimento poético. A mistura da minha poesia com minha arte é muito visceral & é tudo contemporâneo e acontece com muita velocidade e força``, define Mano. Segundo o artista, o trabalho com abstração é mais dificultoso para o público, já que exige um tempo de discernimento da obra e maturação do sentimento. Ele explica que há a necessidade do aguçamento da percepção, de forma que o espectador possa mergulhar no universo criativo e sentimental do artista.

Depois de uma temporada em Buenos Aires, na Argentina, também ao lado de Edmar Gonçalves, Mano Alencar traz a Fortaleza a continuação da exposição Entre Luzes e a Dança das Cores, com obras inéditas e para um novo público. ``É bom expor fora (do Brasil) porque o meu trabalho tem uma força de luz, de cor, muito forte e quando vai para o exterior chama a atenção. A gente (brasileiros) é mais cor e na Europa e Argentina tudo é mais cinza, fazemos muito sucesso pela cor. Acabamos sendo audaciosos por essa cor, que, para a gente, é natural`` explicou, acrescentando que a diferença entre os públicos é que em Fortaleza ainda não há a cultura de se frequentar ateliês de artistas e galerias de arte.

Pintor, desenhista, escultor, compositor e poeta, Mano Alencar se expressa na pintura desde criança, quando morava em Sobral. A relação com a música, por sua vez, iniciou-se oficialmente em 1979, no movimento cultural Massafeira, realizado no Theatro José de Alencar. Nos 30 anos de arte, Alencar já expôs seu trabalho na Itália, França, Estados Unidos, Portugal, Espanha e, mais recentemente, Argentina. Já no Brasil, o artista mostrou trabalhos individuais em Londrina, Recife, Rio de Janeiro, João Pessoa e Brasília.

SERVIÇO

ENTRE LUZES E A DANÇA DAS CORES - Abertura da exposição do artista plástico Mano Alencar. Hoje, 11, às 19h30, no Centro Cultural Oboé (Rua Maria Tomásia, 531 & Aldeota). Outras informações: 3264 7038.

Texto: André Bloc

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