27 de março, Dia Mundial do Teatro. Nessa data (próximo sábado), o IV Festival BNB das Artes Cênicas realizará uma série de 20 espetáculos gratuitos em três cidades (dez espetáculos em Fortaleza; seis em Juazeiro do Norte, no Cariri, região sul do Ceará; e quatro em Sousa, no alto sertão paraibano), durante 13 horas seguidas (de 9 horas às 22 horas).
Em Fortaleza, a programação começa às 9h, na Praça do Ferreira, com a apresentação do espetáculo de teatro de rua “As prosopopeias de Cassimiro Coco”, com a Cia. Camarim de Teatro, de Maranguape (CE). Extraído a partir de contos da tradição oral, a peça apresenta de forma lúdica e divertida as gaiatices e molecagens de Cassimiro Coco, um nordestino esperto que de porta em porta consegue engabelar cangaceira valente, delegado incompetente e moças no caritó, aprontando muito mais que João Grilo, Mateus e Pedro Malasarte. Direção e cenografia: Davidson Caldas.
Em seguida, às 10h30, já no andar térreo do Centro Cultural Banco do Nordeste-Fortaleza (rua Floriano Peixoto, 941 – Centro – fone: (85) 3464.3108), o Festival prossegue com a apresentação de “Cavalos 1200”, dentro da Mostra de Dança, com o trio Andréia Pires, Daniel Pizamiglio e Leonardo Mouramateus. Trata-se de uma ficção para aqueles que não conseguem ficar parados em um quarto, que adoram beijar com os lábios e são extremamente tristes e incrivelmente felizes. 1.200 pessoas em cena, 24 bailarinos por segundo, duas baixas, animais sacrificados por terem quebrado os membros.
Ao meio-dia, no cineteatro do CCBNB-Fortaleza (2º andar), serão encenados três contos do escritor gaúcho Caio Fernando Abreu, pelo ator Silvero Pereira: “O ovo”, “Além do ponto” e “Os sapatinhos vermelhos”. Intitulado “O ovo, o ponto e os sapatinhos”, esse trabalho faz parte de seu processo criativo para a construção de seu novo Solo que tem como dramaturgia a transcrição literária deste autor contemporâneo brasileiro.
A partir das 13h30, será apresentada uma sequência de quatro esquetes (encenações rápidas): “O arquivo”, de Victor Giudice, com Fernando Piancó; “A ficção”, com a Cia. Teatro com Vida e direção de Ronaldo Costa; “Os sobreviventes”, com o Grupo 3x4 de Teatro e direção de Silvero Pereira; e “Que é isso, Maria?”, com o Grupo Ikebana IFCE e direção de Danilo Pinho.
Em “O arquivo”, o texto de Victor Giudice não quer simplesmente remeter a objetos distantes, mas inscrevê-los, vivos no sentido do leitor/espectador. As palavras aqui têm a generosidade e o desespero de se darem a ver, a sentir. A degradação humana, exploração do homem pelo homem, a perplexidade do ser humano, carregada de ironia e humor sarcástico. Tudo aqui e agora, em perfeita sintonia com a visualidade do nosso tempo.
“A ficção”, por sua vez, trata, de forma bem humorada, da relação autor/personagem, numa linguagem inteligente onde o trágico dá lugar ao cômico, a realidade se confronta com a ficção, levando o público a uma ligeira dúvida daquilo que está sendo exposto, de forma a confundir-se quando os atores estão sendo os autores ou quando estão sendo personagens. Assim desenvolvem-se os mais divertidos diálogos propostos à platéia, causando sensações diferentes e divertidas nas situações vividas pelos personagens.
“Os Sobreviventes” é um reflexo das perturbações e angústias da juventude revolucionária, inconformada e transgressora da década de 1970. Caio Fernando Abreu mostra indivíduos solitários, sobreviventes de suas sensações, inseguranças, fobias, instabilidades, bem como de suas frustrações ideológicas. Um monólogo com uma linguagem descontraída e informal que revelará a desolação, a desesperança e o desgaste de uma mulher, causados pela falência do seu ideal e pela partida inesperada de um homem.
No esquete “Que é isso, Maria?”, Maria é uma dona de casa carente e solitária com uma personalidade dividida por uma intensa conformação e revolta. Porém, sua solidão parece ter fim quando ela percebe a chegada de uma nova vizinha. Ela percebe que não aguenta mais a vida que tem.
Em seguida, dentro da Mostra Nordeste do Festival, Ricardo Guilherme encenará o espetáculo solo “Bravíssimo”, às 17 horas, também no cineteatro do CCBNB-Fortaleza (2º andar). O texto deste monólogo compila e reelabora crônicas de Nelson Rodrigues – publicadas entre 1950 e 1970 – nas quais o escritor analisa arquétipos de identidade do povo brasileiro.
A concepção cênica configura o discurso em duas personagens emblemáticas que encarnam maneiras diametralmente opostas de encarar o Brasil: a grã-fina das narinas de cadáver e a vizinha gorda e cheia de varizes. A primeira representa aqueles que menosprezam o Brasil e a segunda, os que acreditam na transfiguração do País.
Às 18h30, também dentro do Mostra Nordeste, a Cia. de Teatro Lua apresentará “As bondosas”. No enredo da peça, Astúcia, Angústia e Prudência são três carpideiras (mulheres que acompanham funerais, pranteando os mortos) que estão saturadas do ofício. Encarregadas de velar o corpo da filha mais jovem de uma família aristocrática, surpreendem-se com o comportamento pouco ortodoxo dos membros da família, a começar pela própria falecida, morta em estranhas circunstâncias.
Encerrando as atividades comemorativas do Dia Mundial do Teatro em Fortaleza, a Mostra Infantil do Festival traz o espetáculo “Lendário mundo de Zico”, com o Grupo Garajal, de Maracanaú (CE), no Centro Cultural Patativa do Assaré (av. B, 701 – Conjunto Ceará – fone: (85) 3259.5757).
Nessa peça infantil, Zico, uma criança de 11 anos, sai com sua baladeira para caçar passarinhos e é surpreendido pela chegada de Caipora, que pede para ele não mais caçar passarinhos e nem destruir as florestas. Zico se recusa e continua caçando. Caipora resolve tirar a baladeira dele e o enfeitiçar, prendendo-o na floresta, mas Zico diz que só vai voltar para casa quando aprender a lição. Na sua andança para encontrar o caminho de casa, ele se depara com mais Lendas do Folclore Brasileiro. Nessa divertida aventura, Zico percebe que, assim como as lendas, ele também pode se tornar protetor da Floresta e dos Animais.
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